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É possível que ninguém lhe surpreenda que o faraó Tutancâmon (1325 a.C - 1325 a.C) possuirá uma adaga feita de ferro (que se possa ver nesta postagem) de um metal que veio do espaço. Ao finalmente ao cabo, se trata de um metal muito comum que os seres humanos levamos séculos utilizando para fabricar armas e ferramentas. 

Agora, quando se considera que Tutancâmon reinou na Idade de Bronze, a existência dessa adaga de ferro resulta um pouco mais enigmática.
As primeiras ferramentas metálicas que fabricaram nossos ancestrais eram de cobre. Ali onde as condições geológicas permitiram a formação de cobre em forma metálica, as pessoas simplesmente recolhiam essas massas de metal de dentro das rochas e as golpeava até lhes dar a forma que necessitava.
Ainda assim, o cobre metálico é muito escasso na crosta terrestre, pelo que esse elemento não começou a utilizar a grande escala até que se descobriram que podia extrair dos minerais muito mais abundantes (como a pedra malaquita) a base de triturar-los e queimar no carvão.

Finalmente, quando nossos antepassados deram conta que as propriedades mecânicas do cobre melhoravam ainda mais quando se misturava com o estanho, produzindo bronze, o uso dessa liga marcou tanto a tecnologia da época que hoje em dias nos referimos a ela como a Idade do Bronze.




A CHEGADA DO FERRO



O descobrimento do ferro fez que o bronze acabasse caindo pouco a pouco em desuso, mais o passo da Idade de Bronze na Idade do Ferro não se deu da noite como manhã por motivos. 
Por um lado, a diferença do cobre, o ferro reativo, que tende a reagir com os elementos, em especial no oxigênio. Por outro, embora o ferro seja um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre, geralmente estar fechado em minerais compostos por óxidos de ferro nos quais os átomos de oxigênio e os ferros estão unidos com tanta força que separá-los requer temperaturas altíssimas, muito superiores nas quais necessitam para liberar o cobre de seus correspondentes minerais.
Por tanto, embora a produção de cobre pudesse gerar pequenas quantidades de ferro de forma acidental na Idade do Bronze, tanta a quantidade como a qualidade de esse ferro era tão baixas que seu uso era principalmente ornamental.
Agora, o ferro da adaga de Tutancâmon não apresentava esse problema porque não foi extraído de nenhuma rocha, mas veio do espaço. Mais, antes que alguém tire o chapéu de papel de alumínio, convêm aclarar que o ferro dessa adaga chegou a Terra como parte do material de um meteorito metálico.

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A ORIGEM DO FERRO ESPACIAL


O sistema solar está cheio de pedaços de material de tamanhos dispares que dão voltas ao redor do sol, junto aos planetas. De vez em quando, algum passa muito próximo perto da Terra e se precipita até nosso planeta e, se não se desintegra durante seu passo pela atmosfera, chegará a tocar no chão convertendo em um meteorito.

A composição desse meteorito variará segundo qual seja sua origem. Por exemplo, as chamadas condritas representam o 95% dos meteoritos que se recuperam e consistem em uma matriz de rocha incrustada com pequenas virutas de metal, uma estrutura que reflexa que se formaram há uns 4.600 milhões de anos, quando o sistema solar estava repleto de diminutos de pedacinhos de rochas e metais que se chocavam e se uniam, formando massas cada vez maiores que se acabaram convertendo em planetas, satélites e asteróides.



Entre o 5% restante desses escombros espaciais existe fragmentos de corpos celestes variados, como a da Lua, Marte, o Vesta, mais os que nos interessam agora são uns mazacotes de metal, compostos principalmente de ferro e níquel.
A composição desses objetos reflexa que em algum momento deveram formar parte do núcleo metálico de um corpo celeste como um interior diferenciado, porque o mais provável é que foram liberados ao espaço depois de que esse corpo celeste resultasse completamente destruído por um impacto de proporções cataclísmicas.
Essas massas de ferro e níquel tem estado precipitando de maneira ocasional sobre a superfície terrestre ao longo da história e, como é natural, os habitantes da Idade do Bronze que tinha a sorte de encontrar algum, o aproveitavam para fabricar ferramentas ou armas. E um desses utensílios feitos com ferro meteórico é da folha da adaga de Tutancâmon. 

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RECONHECER O FERRO METEÓRICO




A origem cósmica dessa adaga se pode estabelecer graças a sua composição: enquanto que o ferro produzido a partir de rochas terrestres antes do século XIX tem uma concentração máxima de níquel dos 4%, a folha da adaga contém 11% uma figura que se encaixa no intervalo de 5% aos 35% que possuem os meteoritos metálicos. Além disso, a adaga também contém outros elementos químicos em proporções que são próprias dos meteoritos metálicos, mais não as rochas terrestres, como o cobalto.

Na realidade. a adaga de Tutancâmon é somente um dos muitos objetos de ferro meteórico datados de épocas muito diferente que foi encontrado em diferentes depósitos arqueológicos do planeta.
Outros exemplos são umas contas metálicas fabricadas em 3.200 a.C. Em Gerzeh, uma adaga de ferro de 2.500 a.C. de Alaca Hoyuk ou uma data do século XIV a.C encontrada em Hopei.
Curiosamente, o fato de que os textos egípcios comecem a referir ao ferro de origem meteórico com a palavra "Bia-n-pt" (que se traduz literalmente como "ferro do céu" a partir do ano 1.295 a.C segere que algumas caídas foram presenciadas por seres humanos.
Por tanto, não é de estranhar que muitas culturas veneram esses objetos de ferro a que vieram cair do céu e os converteram em ferramentas ou objetos rituais. 

Sem ser conscientes do que estavam moldando eram os últimos fragmentos de um mundo que foi destruído há milhares de milhões de anos atrás.