A milenar Peabiru, considerada pelos índios guaranis como o "caminho
longo", ou "caminho do sol", ou o "caminho dos deuses",
tinha próximo de 4.000 quilômetros e conectada no oceano Atlântico ao Oceano
Pacífico.
Peabiru Começava ou terminava no
litoral catarinense, paranaense e paulista. Os jesuítas lhe deram a esse
caminho o nome de Caminho de São Tomé, na alusão ao discípulo de Jesus que diz
uma lenda que havia estado em terras da América do Sul.
Segundo as referências históricas, o Peabiru estava composto de caminhos com diversas
ramificações atravessando o Brasil, Paraguai e Bolívia. Segundo Bond (1998), no
Brasil teria dois pontos de partida ou de chegada, um deles estaria localizado
nas regiões de São Francisco do Sul, no estado de (Santa Catarina), onde
penetrava no interior a altura do rio Rio Itapocu.
O outro estaria localizado
perto de São Vicente e Cananéia, no litoral paulista. Cruzariam o estado do
Paraná até chegar a Lambaré. Seguia pelas terras baixas até o altiplano
boliviano no Noroeste, nas redondezas com o Qhapaq Nan o Caminha Principal
Andino.
Sua orientação de Noroeste a Sudeste seguia no curso da via Láctea, chamada
pelos guaranis Tapêcué ou Caminho Eterno, o Mborevi Rapé, Caminho do Tapir. Os
guaranis eram grandes observadores das constelações e acreditavam que seus
antepassados chegaram do Universo caminhando por esse caminho Eterno e que ao
seguir seu curso podiam chegar ao Yvy Marae'y ou "Terra sem Mal".
Essa terra sem mal, uma espécie de paraíso entre a terra e o céu, eram um
território de abundantes frutos, caça, água e cima benigno, que lhes
propiciaria uma agradável existência.
Algumas das sessões peabiruanos no Brasil tinha perto de 1.40 metros de
largura, 40 centímetro de declive e era forrada com tipos de folhagem que se
replantavam facilmente devido engenhosidade nativa. Tais folhagens possuíam
sementes glutinosas, que colocavam nos pés e calcanhar dos viajantes.
O CONHECIMENTO DO PEABIRU PELOS CONQUISTADORES
Depois que Vasco Nuñes de Balboa cruzara o Istmo do Panamá e chegaria ao Mar do
Sul em 1513, pensou em alcançar o Oceano Pacífico mediante algum caminho que
devia existia ao sul das terras conhecidas do Brasil, pelo que no dia 14 de
novembro de 1514, Juan Diaz de Solis fez umas capitulações com o rei Fernando
para empreender uma expedição de conquista.
A expedição devia partir em
setembro de 1515, e em segredo, viajar o Tratado de Tordesilhas, descobrir o
caminho entre o Pacífico e o Atlântico. No caso de encontrar a passagem transoceânica,
Juan Diaz planejava atravessar o oceano pacífico até alcançar o Extremo
Oriente.
A expedição partiu finalmente
de Sanlucar de Barrameda em 8 de outubro de 1915.
Depois de recolher provisões em Santa Cruz de Tenerife, nas ilhas
Canárias, foram à costa do Brasil, que alcançaram a divisão no cabo de São
Roque. Continuaram logo seguindo para o sul da costa brasileira, onde obtiveram
comida com os indígenas. Diaz de Solis navegou lentamente para o sul a visa de
terra.
Prosseguiu explorando a costa
rio-grandense e a uruguaia, alcançando a ilha de Lobos e Punta del Leste em 2
de fevereiro.
Ali tomou posse da terra em nome do rei da Espanha.
Entraram assim no Rio da Prata
(Rio da Plata), se confundido com um braço do mar de salinidade baixa, que Diaz
de Solis batizou "Mar Doce", e pode penetrar por acaso ao escasso de
suas caravelas.
Vendo indígenas na costa
oriental, Diaz de Solis tentou desembarcar em um bote com sete de seus
tripulantes. Solis e seus amigos foram surpreendentemente atacados e mortos por
um grupo de indígenas. O resto da expedição confundida ao ter perdido seu
líder, então decidiram retornar.
Ao passar na frente da ilha de
Santa Catarina, naufragou uma das caravelas na lagoa dos Patos, ficando 18
marinheiros na costa. Esses náufragos se separaram, sete viajaram para o norte
em busca dos portugueses, mais outros seis permaneceram nos Patos, entre eles o
português Aleixo Garcia.
ALEIXO GARCIA EM BUSCA DO OURO
INCA
A expedição dos Patos, localizado na costa de Santa Catarina, Brasil, rumo ao
Alto Peru. Desde que os restos do fracasso da expedição de Juan Diaz de Solis entraram
no porto, até que Aleixo Garcia organizou sua aventura, passaram oito anos
nos quais permaneceram convivendo com os nativos. Ali escutou fakar das
riquezas incas em relatos que narravam uma montanha toda de prata -
possivelmente Potosi - e um poderoso rei "branco".
Garcia reuniu um grupo de 2.000
homens, a imensa maioria indígenas, e partiram para a conquista do Império
Inca. Partindo desde o litoral de Santa Catarina, viajando para o oeste e
seguindo o caminho traçado pelos guaranis, chegando à região de Assunção no Paraguai.
Quando alcançaram as fronteiras
do império Inca, perto da atual cidade de Sucre, atacaram os pontos da fronteira
e chegaram a estar a 150 km do Monte de Potosi, que no qual então era uma
montanha inteira de prata pura e tinha dado lugar as histórias que tinha
escutado em Santa Catarina. O "rei branco" era o inca Huayna Capac
que residia em Cuzco.
Uma vez que saqueou a região
por onde esteve, levando muito ouro e prata, voltou pelo rio Paraguai, onde a
expedição foi atacada, morrendo boa parte da mesma, Aleixo Garcia estava entre
os mortos.
Depois, em 1526 quando o explorador Sebastião Gaboto passou pela desembocadura
do Rio que Juan Diaz de Solis estava denominado "Mar Doce", encontrou
uns indígenas que trouxeram muita prata e pensou que tinha abundancia desse
mineral nas margens do rio, então batizou o rio de Rio da Prata.
Esses indígenas provavelmente
tinham integrado parte da expedição de Aleixo Garcia no Peru.
O caminho seguido por Aleixo Garcia foi muito utilizado depois, pelos conquistadores como Alvar Nuñes Cabeza
de Vaca e Mencia de Sanabria, que deixaram em suas crônicas indicações sobre as
estações do caminho.
Os investigadores que eram especializados no estudo dessa rota, concordam que o
caminho seguido pelo Garcia é sem dúvida o Peabiru. Posteriormente, o jesuíta
tinha terminado de entrar uma rede de
assentamentos missionais ao longo desse caminho, estabelecendo pontos de união
entre as reduções guaranis com as de Chiquitos e Moxos no oriente boliviano.
Com o tempo, o Peabiru perdeu a essência mística que lhe deram os guaranis,
pois seus caminhos foram convertidos em Caminhos Reais.
Vários autores brasileiros, há
mais de 50 anos, destacam que o Peabiru se ligava com as estradas incas e pré-incas,
desembocando no Oceano Pacífico, ao sul do Peru. Rosana Bond, autora do livro
"História do Caminho do Peabiru", afirma: "Esses investigadores
não estavam errados, pois existiram pontos do Peabiru no sul peruano, por
enquanto sua informação estava incompleta.
Ao investigar, verifiquei que
existiu outro ramal na costa do atual Chile, pouca conhecida pelos estudiosos
brasileiros até hoje.
Foi por esse caminho muito possivelmente
os guranis completaram a caminhada do Peabiru do Atlântico até o Pacífico.
Diversos investigadores latinos americanos descobriram, desde o século XIX, vestígios
arqueológicos guaranis muito perto do litoral chileno, a uns 60 ou 80
quilômetros da praia. Além disso, foram identificados mais de 300 topônimos
guaranis no Chile.
Há mais de mil anos então, um
povo procedente do sul do Brasil - Os Guaranis firmaram a união física entre o
Atlântico e o Pacífico, traçando um caminho que atravessava Brasil, Paraguai, Bolívia,
Peru e Chile.
"Sebastian Cabolo,
marinheiro veneziano ao serviço da Espanha, antes de partir ao descobrimento
"das minas comarcas ao rio do Paraguai", deu licença ao capitão
Francisco Cesar para que, em união de catorze pessoas que lhe seguiam, fosse
descobrir as minas de ouro e prata que exista "na terra adentro". Cesar
partiu do forte de Sancti Spiritus (edificado por Caboto na margem do Rio
Carcaraná) em novembro de 1528, e dividiu sua gente em três grupos, que tomaram
outros diferentes caminhos.
Dois meses e meio depois, voltou Cesar acompanhado de sete de seus companheiros,
e do qual ele e os seus companheiros contaram sobre a expedição somente se sabe
que disseram "que haviam visto grandes riquezas de ouro e prata e pedras
preciosas".
Muitos foram às expedições que nos séculos dezesseis, dezessete e
dezoito organizaram para descobrir a cidade dos Césares, ou "os Césares",
como normalmente se dizia.
O que encontraram Francisco
Cesar e seus companheiros seriam os restos da expedição de Aleixo Garcia? Seriam
os restos da expedição de Garcia, o que, com o correr dos anos fermentaria e
daria a origem da lenda da magnífica Cidade dos Césares "toda ela de ouro,
prata e pedras preciosas"?
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