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Uma inscrição que data pelo menos 3.100 anos com o nome de um juiz bíblico Jerubaal foi descoberta em escavações em Khirbat er-Ra'i, perto de Kiryat Gat no Distrito sul de Israel, anunciou a Autoridade de Antiguidade (IAA).
Os investigadores destacaram que não se pode ter nenhuma certeza sobre a inscrição se refere à figura mencionada no Livro de Juízes, esse descobrimento oferece importantes conhecimentos sobre a conexão entre o texto bíblico e a realidade histórica.
As inscrições desse período, nos séculos XII-XI a.C, são extremadamente raras.
Toda a datação se realizou tanto através da tipologia cerâmica como o radiocarbono de amostras orgânicas encontradas no mesmo estrato arqueológico.
A escritura, escrita com tinta em uma jarra, marca a primeira vez que o nome Jerobaal é encontrado fora do texto bíblico. Acredita-se que a alguém escreveu seu nome na jarra. 


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"O nome Jerobaal é familiar da tradição bíblica no Livro dos Juízes como um nome alternativo para o juiz Gideão ben Yoash", segundo o professor Yosef Garfinkel e o arqueólogo Sa'ar Ganor da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Garfinkel e Ganor co-lideraram as escavações no local com o Dr. Kyle Keimer e o Dr. Gil Davies da Universidade Macquarie em Sydney, na Austrália, um sócio da escavação junto com a IAA.
"É mencionada pela primeira vez a Gideão combatente da idolatria quebrando o altar de Ball e cortando o poste de Asera", explicaram.
"Na tradição bíblica, é lembrado então como quem triunfou sobre os medianitas, que costumavam cruzar o Jordão para saquear cultivos agrícolas.
Segundo a Bíblia, Gideão organizou um pequeno exército de 300 soldados e atacou os medianitas pela noite perto de Ma'ayan Harod".

 

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 "No dia seguinte, cedo, Jerobaal, isto é, Gideão, e todas as tropas acamparam com ele sobre En-harod, enquanto que o acampamento de Madian estava na planície ao norte dele, em Gabaat-more", é lido em versículo do capítulo 7 do livro dos Juízes.
Khirbat er-Ra'i foi escavado desde 20155. Segundo Garfinkel, o local já era conhecido pela pesquisa realizada pelos arqueólogos britânicos no século XIX.
A equipe decidiu renovar as escavações porque na superfície do lugar encontraram cerâmica muito semelhante aos artefatos descobertos em Khirbat Qeivafa, uma antiga cidade fortificada da época do rei David, ao redor do século X a.C.
"Pensamos que poderíamos encontrar outra fortaleza, mais em troca somente encontrou seis habitações que datam esse período, pelo que parece que nesse momento poderia ter sido somente uma pequena aldeia", disse o arqueólogo.
No entanto, resultou que esse local parecia ter alcançado seu apogeu um ou dois séculos antes, isso quer dizer, que era na época dos Juízes. Khirbat er-Ra'i se encontra perto de um importante local arqueólogo, onde uma vez esteve um centro. Laquis, que frequentemente aparece na Bíblia. 
Em meados do segundo milênio a.C, Laquis era uma destacada cidade Cananéia. Segundo o Livro de Josué, pouco depois foi destruído pelos israelitas quando conquistaram a Terra de Israel no final de suas andanças pelo deserto depois do Êxodo do Egito.

 

A CIDADE FILESTEIA DE GAT TAMBÉM ESTAVA PERTO

 

Segundo as descobertas arqueológicas, incluída a arquitetura e a cerâmica, Khirbat er-Ra'i era principalmente um local cananeu, mas com uma forte influência filisteia, segundo Garfinkel.
"Creio que o local estava habitado principalmente por refugiados cananeus, que foram viver sob a hegemonia filisteia", disse.
A inscrição, que foi decifrada pelo especialista em epigrafisa de Chistopher Rolston da Universidade George Washington, tem cinco letras: yod (quebra na parte superior), resh, bet, ayin, lamed.
Embora os nomes das letras podem soar familiares para os falantes do hebraico, o alfabeto não era alfabeto hebraico, na verdade era um alfabeto a partir do qual evoluiu ao hebraico séculos depois.
"A escritura alfabética foi inventada pelos cananeus e a influência egípcia durante os anos de 1800 a.C", assinalou Garfinkel.
"Continuaram usando essa escritura, que evoluiu a partir dos hieroglíficos egípcios da Idade do Bronze Final (1500-1200 a.C) e a Idade do Ferro I (1200-1000).
As escrituras hebraica e fenícia se desenvolveram somente a meados do séculos X a.C".


O fato de que a afiliação cultura do lugar foram israelitas não exclui que a inscrição se refere ao Jerobaal mencionado na Bíblia. Os investigadores enfatizaram que não pode ter certeza em uma direção ou em outra. Mais inclusive se o nome em realidade se referia a outro Jerobaal, o artefato ainda acenda uma luz importante sobre a conexão entre o texto bíblico e o período que descreve.
"Em vista da distância pode referir-se a outro Jerobaal e não a Gideão da tradição bíblica, embora não se pode descartar a possibilidade de que o cântaro pertenceria ao juiz Gideão", Garfinkel e Ganor disseram. "Em qualquer caso, o nome Jerobaal era evidentemente de uso comum na época dos juízes bíblicos".
"Como sabemos, existe um debate considerável sobre a tradição bíblica reflete a realidade e se é fiel as memórias históricas dos dias dos juízes e os dias de David", adicionaram.
Jerobaal somente aparece na bíblica no período dos juízes, remarcaram Garfinkel e Ganor e, no entanto, "agora também foi descoberto em um contexto arqueólogico, em um estrato que data desse período".
"De maneira semelhante, o nome Ishbaal, que somente é mencionado na Bíblia durante a monarquia do rei David, se encontra em estratos que datam desse período no local de Khirbat Qeiyafa", eles também se referiram a um descobrimento anterior que escrito.
"O fato de que se menciona nomes idênticos na Bíblia e também se encontram em inscrições recuperadas de escavações arqueológicas mostra que as lembranças se conservaram e foi transmitida de geração em geração", concluíram Garfinkel e Ganor.


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