o-campo-magnético-da-terra-2021

 Um novo estudo realizado por investigadores das universidades de Leeds, no Reino Unido, e da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, virou notícia depois da questão sobre o comportamento do campo magnético da Terra, do qual depende em boa medida, nossa sobrevivência
Foi publicado pela Nature Communications, a nova investigação revelou, que as mudanças na direção do campo magnético do planeta podem chegar a ser até dez vezes mais rápidas do que era imaginado até agora. 
O trabalho oferece uma nova visão do fluxo de ferro a 2.800 km de profundidade sob a superfície terrestre e mostra como esse fluxo influenciou no movimento do campo magnético durante os últimos cem mil anos.
Como sabemos, o campo magnético da Terra é gerado e mantido por um fluxo convectivo do metal fundido que forma o núcleo extremo de nosso planeta.
O movimento do ferro líquido cria as correntes elétricas que alimento o campo, e isso não somente nos ajuda a guiar os sistemas de navegação, mas também mantêm procedente do Sol e outras fontes mais longínquas.
No entanto, o campo magnético não é fixo, mas muda constantemente.
Durante os últimos anos, os satélites proporcionaram novos meios para medir e rastrear essas mudanças, mas o campo existe há muito tempos, inclusivo, desde a existência do homem, e isso é ignorado em grande medida como se comportava no passado.

O CAMPO MAGNÉTICO DO PASSADO


Para saber como era o campo magnético nos tempos geológicos, os científicos geralmente analisam as direções magnéticas gravadas em antigas rochas, sedimentos, fluxos de lava ou inclusive em ferramentas feitos pelos homens. No entanto, a tarefa não é sensível, e as taxas de mudanças obtidas por esses procedimentos estão sujeitas a um intenso debate. Agora, Chris Davies, da Universidade de Leeds e Catherine Constable, da Califórnia em San Diego, conseguiram abordar a questão de um ponto de vista diferente. E para isso eles combinaram simulações do processo de geração do campo com uma reconstrução recentemente publicada de suas variações durante um período que abrange os últimos 100.000 anos. O estudo mostrou que as mudanças na direção do campo chegaram a alcançar taxas que são até dez vezes mais rápidas que as noticiadas na atualidade. As variações chegaram, em efeito, a ser mais de um grau por ano.
 

MUDANÇAS ASSOCIADOS A ÉPOCAS ENFRAQUECIMENTO


Davies e Constable demonstraram, ainda, que essas rápidas mudanças estão intimamente associadas com os períodos da debilitação local do campo magnético. 
No qual indica que essas mudanças foram produzidas geralmente em momentos que o campo invertia sua polaridade (o pólo norte magnético passava a ser o pólo sul magnético e vice-versa), ou durante as "excursões geométricas" durante as quais os pólos magnéticos se moviam rapidamente em direção do norte ou para o sul (tal como acontece agora, com o pólo norte magnético se movendo em direção da Sibéria a uma velocidade perto de 60 km ao ano).
O exemplo mais claro dessa situação, no entanto, foi uma brusca mudança de direção de aproximadamente 2,5 graus que aconteceu em 39.000 anos.
A mudança se produziu em uma região justo ao lado da costa da América Central, onde a força do campo era localmente fraca, e aconteceu justo depois da "excursão global de Laschamp", uma breve inversão do campo magnético que se produziu há uns 41.000 anos. Os investigadores identificaram além de outros eventos semelhantes durante o período estudado.

O FLUXO INVERTIDO DA TERRA

Segundo o estudo, as mudanças direcionadas mais rápidas estão associadas ao movimento de "patches de fluxo invertido" do ferro líquido através da superfície do núcleo externo. Esses patches são mais frequente nas latitudes mais baixas, o que sugere é que as futuras buscas deveriam centrar-se precisamente nessas áreas.
Nas palavras de Davies, "temos ainda um conhecimento muito incompleto de nossa campo magnético há mais de 400 anos.
E dado que essas mudanças rápidas sobre alguns dos eventos mais extremos do núcleo líquido, poderiam nos dar informação importante sobre o comportamento do interior profundo da Terra".